Público bonito, formado, consciente, feliz


A Acrópole é mesmo um local especial. Já recebe o Jambolada há anos e tem ampla admiração do público. Também pudera. Aqui cabem cerca de 10 mil pessoas, cabem dois palcos, o que dinamiza o festival. Além disso, a Acrópole tem a mesma tecnologia do Martim Cererê, que recebe Bananada, Goiânia Noise, Vaca amarela, Release Alternativo, entre outros goianos: ambiente longe dos palcos, como um centro de convivência com uma eterna música ambiente. Isso obriga a banda a prender a atenção do público, senão geral cai fora.

Mas as bandas da noite de sexta representaram. O Cabruera, de Campina Grande, interior da Paraíba conquistou a mineirada com a estética da dialética nordestina em uma linguagem pop. Som, interpretação e feeling escorrendo pelos poros, o vocalista (e produtor do festival encontro da Nova Consciência) Arthur Pessoa adentrou o meio do público, montou uma roda, improvisou diferentes tonalidades de ciranda em cima das harmonias do Cabruera, indo de “escravos de jó” a temas carnavalescos. Uma festa.

Os argentinos/quase-brasileiros do Falsos Conejos tiveram o ingrato desafio de tocar logo após o Cabruera, com um estilo completamente diferente. Seria difícil manter a galera na frente do palco. No melhor estilo “missão dada, missão cumprida”, o Falsos Conejos fez um show foda com sua lisergia-instrumental-experimental. O público foi à loucura com aqueles hermanos que ninguém nunca tinham ouvido falar mas que roubaram a cena.

Autoramas, talvez a banda que mais representa a cena independente brasileira, dada a fama internacional e os muitos anos de estrada. Banda gringa, no melhor sentido da palavra. Autoramas sempre convence, muito profissionalismo e diversão musical no rrrrrock!.

Qualquer tentativa de descrever o Emicida é frustrada, dada a grandiosidade do trabalho do cara. Apresentando hits (que ele me perdoe por esse termo) do primeiro disco e da Mix Tape que acaba de ser lançada em parceria com a Fora do Eixo Distro, Emicida também mandou uma série de free styles e parou o show pra recitar um poema sobre a magia do carnaval na vida do pobre. Sem deixar de citar as atrizes globais que chegam pra ser rainha de bateria. Emicida falou em expulsar os globais. A galera foi ao delírio. Ninguém aguenta mais a Globo, Veja, Estadão, Folha, esses vômitos do PIG (Partido da Imprensa Golpista) em geral. Foi Foda!

Otto, o mais esperado, encerrou o festival fazendo incontáveis entregas elogiosas ao Jambolada no microfone. Banda impecável, coração nas cordas vocais, participação especial de free style do Emicida e três bis. Público feliz. E dá-lhe Jambolada em primeiro lugar no Trend Topics de Uberlândia.


Por Ney Hugo, Espaço Cubo, Cuiabá-MT

1 comentários:

Dríade Aguiar disse...

Texto massa Ney!

Muito bacana você tem colocado mais em evidência como o público recebeu cada estilo diferente.

.)

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