Personagens do Jambolada 2010: Aufel






Otto, EMICIDA, até o Capilé estava presente no primeiro dia de JAMBOLADA. Isso mostra o quanto o número e o nível de figuraças no primeiro dia do Festival foi alto e o quanto eleger um desses como figura principal do evento seria difícil.

Em razão desta dificuldade e do quanto injusto seria fazer isso, não elegerei um figura mais figura. Mas para dar ênfase ao espírito underground da parada vou contar um pouco da história de um personagem não tão conhecido no Circuito. Esse é o Alfeu.

Acho que o povo de Uberlândia deve conhecer bem o Hippie Tatuado bem mais que eu. Mas foi uma experiência interessante ouvir as histórias dele. Com uma bíblia na mão e um cigarro de maconha na boca ele tinha resposta para tudo. Suas teorias iam desde a extraterrestrabilidade de Cristo, os poderes de teletransporte do mesmo, passando pela bomba atômica que destruiu Sodoma e Gomorra, chegando na imortalidade dos deuses e na infinitabilidade de Deus.

Nonsense? Em momento algum. Ele era bem articulado. Citava autores e os recomendava. A bíblia era sua principal referência, ele a conhece bem melhor que muitos pastores que conheço. Sua narrativa era boa e suas reviravoltas insinuantes.




Interpretava livremente os conceitos escritos no livro sagrado, assim como os religiosos fazem, ele ia mostrando como os seus atos estavam indicados na bíblia. Falava sobre presente, passado, futuro, sobre o nada, que na verdade é uma palavra esperando tradução (ele próprio citou os engenheiros do Hawaii com esta frase). Falou sobre a sabedoria, a ignorância. Dizia que não estava ali para vender seus produtos, estava ali simplesmente para viver. Dizia ter lido livros de várias religiões e entender delas.

Porém a maior virtude do seu discurso era o otimismo. Não aquele dos livros de auto-ajuda, mas um otimismo agressivo que muitos especialistas em motivação não seriam capazes de demonstrar. Ele falava da importância da originalidade. Da força que cada um tem e de como pode usá-la para mudar o que vive. Nada parecia obstáculo para aquele homem.

Não ponho suas palavras entre aspas, pois não as anotei nem gravei. Apenas relato aqui as impressões dos muitos minutos de conversa. Alguns talvez me ponham na cruz, afinal, para quem passou uma semana ouvindo Capilé, Alex Antunes e Cláudio Prado, dar tanta bola para as palavras de um hippie tatuado seria no mínimo falta de critério. O critério é: ele não tentou me convencer de nada. Ele só se deu ao luxo de falar para alguém que queria ouvir. Eu ouvi por ouvir ou para fazer minha matéria? Aprendi que se deve ouvir, pois as melhores histórias vem de quem não foi pautado. As melhores fontes estão na sua frente, basta ouvi-las.

Os muitos que ouvi nessa semana estavam onde estavam para falar. O cara que ouvi no Jambolada estava para ser ouvido. Se perdi meu tempo. Se ouvi falácias. Só o tempo dirá. Não serei cobrado pelos trinta minutos perdidos, posso ser cobrado pela crônica mal feita e pela ingenuidade de dar tanta a moral a esse personagem. Que os comentários julguem meu trabalho e quem tiver oportunidade que converse um pouco com o Aufel. De bons papos se fez essa semana. Sobre um deles decidi escrever. Espero que a leitura tenha sido boa, para aquele que (obviamente) se disponibilizou a ler!

JAMBOLADA 2010! Ótimos personagens em cada canto! Era só procurar!

Pablo Felippe - Coletivo Canoa Cultural

3 comentários:

mariamaria disse...

Então Pablo... conheço o "Fêu" desde antes das tatoos. Gente como a gente, que busca respostas e atravessa o caminho observando a melhor maneira de aprender com os passos sem pisar em nenhum calo. O Fêu é uma pessoa simples que já sofreu muito, como todos que se afastam da cultura imposta. É correto nas suas propostas pois , apesar de nada saber da verdade ( mesmo porque, ela não existe ) deseja que as pessoas sejam felizes, não pretende o mal pra ninguém , nem mesmo pra quem se opõe aos seus pensamentos e crença ( que é muito complexa )... converso pouco com o Fêu atualmente, porque nossas idéias sobre o mundo são contraditórias... mas sinto um grande carinho por ele. Gostei das suas observações.

Ageu disse...

Ótima crônica Pablo. Parabéns pela escrita e pela discrição do personagem !

Anônimo disse...

" até o Capilé estava presente no primeiro dia de JAMBOLADA"

se fosse jesus vc não teria se emocionado tanto!

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